Torrontés – Da Galícia para a Argentina


UVA TORRONTÉS

A Galícia é seu berço, por lá era usada como uma uva de corte ou para vinhos mais simples. Somente depois do grande sucesso desta uva na Argentina é que começa a ser revista, reestudada e, hoje, belos exemplares começam a aparecer

Interessante destacar que esta é uma uva genuinamente galega o que não ocorre com a grande maioria das outras uvas da Galícia que possuem sua contra moeda em Portugal. A Godello é conhecida no Douro e Minho como Gouveio. A Alabariño como Alvarinho, no Minho,  a Mencía como Jaen, no Dão e assim vamos.   

A Torrontés vinda do noroeste da Espanha na mala de algum imigrante encontrou um lar adotivo na Argentina, em especial em Salta norte do país. Companheira dos salteños, desde o pequeno agricultor até os grandes produtores

Nos vales como este da foto onde estão a secar as pimentas difícil imaginar vinhedos de alta qualidade. Mas a regra se confirma, vinhos de videiras que sofrem são os melhores.

Salta tem em Cafayate sua sub-região mais famosa. A Torrontés se dá muito bem em todas elas, porém é do Valle de Calchaquí que ela se expressa com grande notoriedade.

Mas ali estão, para mim, os vinhedos mais singulares, talvez, no mundo. Pela sua altura, média de 1800 metros, pelo clima, pela geografia do local e pelos seus vinhos. Difícil imaginar que naquela paisagem teremos vinho. E vinhos excelentes. Oh mãe natureza. Ali a Torrontés encontrou seu clima e solo ideais. Vejam o vídeo ao final da publicação.

Uma vista do Calchaquí para ilustrar a leitura.

ARGENTINA CALCHAQUI

Mas e a história do amor?

Bem ela começou tem mais de 15 anos quando experimentei e me apaixonei pela Torrontés com o Echart Privado. É um vinho agradável, aromático mas um tanto fácil de beber.

Passou-se o tempo. E a paixão para virar amor deve enfrentar comparações e desafios. E estes vieram ao longo destes 15 anos.

A minha Torrontés cujos aromas florais e levemente cítricos enfrentou várias batalhas. Principalmente com o dream team da Alsácia, França, capitaneada pela Gewürtztraminer e não saiu derrotada, muito pelo contrário, fortalecida.

Depois a comparei com a Viognier, a Vermentino e as Moscateis. Ali sempre firme. Demonstrando que às vezes é preciso viajar o mundo para descobrir uma joia que está ao nosso lado.

Hoje ela se encontra no time de elite dos vinhos brancos e entendo porque amo a Torrontés.

Primeiro pela qualidade de seus vinhos. Na cor amarelo palha levemente esverdeado. No nariz, o leque de aromas que vai do floral ao frutado chegando ao levemente cítrico. Na boca imagina-se um vinho doce, aí vem a surpresa, de doce nada tem é, inclusive levemente ácido. Exagero no comentário? Não. Experimentem a Torrontés de bons produtores de Salta e confirmem.

Por fim o grande charme desta uva é a união da sua singularidade, só encontramos esta casta na Argentina, sua qualidade, como demonstrada acima e seu preço, muito acessível.

Este trinômio, preço/qualidade/singularidade é muito difícil de se encontrar.

Então se não conheces meu antigo amor não sabes o que estás perdendo.

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