Onde estão os Melhores Vinhos com a Iluminada Cabernet Franc?


UVA CABERNET FRANC 1

Ela é uma das uvas mais antigas da França. Vem sendo plantada desde o tempos dos Romanos na Gália. Sua origem é controversa. Uns dizem ter nascido no, hoje, país Basco outros entendem ser ela originária do Vale do Loire.

Duas certezas logo aparecem. Ela é francesa e produz em Bordeaux seus melhores vinhos. Tanto em varietal como em corte com a Merlot no lado direito de Bordeaux. como participando do famoso corte bordalês, tradicional desta região da França. 

Seu DNA está em conhecidas uvas como a Merlot, Cabernet Sauvignon e Carménère, sugerindo que ela além de antecessora é parente muito próxima destas conhecidas uvas.

Entretanto este reconhecimento internacional me relação a esta fantástica uva ainda está um pouco aquém de sua importância no mundo do vinho.

De amadurecimento rápido é uma das primeiras tintas a serem colhidas. Muito utilizada em corte com outras tintas, principalmente a Merlot e a Cabernet Sauvignon onde formam a trinca de ouro de Bordeaux.

Bastante sensível ao terroir onde estão seus vinhedos. Se mais frios teremos um vinho de corpo médio, aromas mais herbáceos e acidez mais pronunciada, com aqueles de Chinon, no Loire. Se de locais de climas mais quente s uma Franc mais frutada e explosiva em aromas e sabores. Exatamente como ocorre em Bordeaux, na sua margem direita. 

 

A INFLUÊNCIA DO CLIMA NO TERROIR 

Sempre muito ofuscada pela Cabernet Sauvignon e muitas vezes erroneamente confundida com ela nos cortes. Porém há muitas diferenças. 

A Cabernet Sauvignon é colhida mais tarde. Precisa de mais sol para amadurecer e aquelas uvas colhidas em terroir mais frios são tânicas, ásperas e com nariz muito herbáceo.

COMO SÃO OS VINHOS COM A FRANC?

Os bons vinhos com as Cabernet Franc onde o terroir é bem propício aos seu pleno desenvolvimento, como nos climas mais frios no final da maturação, tudo para manter sua essência que é a delicadeza de aromas, algo de frutas vermelhas, mas nos melhores exemplares um floral inebriante. Na boca elegância pelos taninos muito mais macios que os da Cabernet Sauvignon com um final levemente ácido o que a torna refrescante e nada enjoativa.

Quando de climas mais quentes mantém sua versatilidade, apenas trocam os aromas para destacados frutos vermelhos e algo de geleia pela doçura do fruto resultado do maior amadurecimento do fruto. Na boca ficam mais encorpados com taninos mais presentes e acidez menor. Num ou noutro terroir a Franc sempre se apresentará, em varietal, isto é, compondo 70% ou mais do vinho, no Estilo Tinto Sedoso.

ENCONTRE SEU TINTO SEDOSO 

Ultimamente vem sendo entendida pelos consumidores como uma uva tinta que nos traz vinhos refinados, com aromas florais e uma ponta de gastronômica acidez, cada vez mais os produtores vem trabalhando esta casta em forma de varietal e cuidando dos vinhedos para que possamos usufruir o que de melhor ela nos brinda. Suas qualidades são: Perfume, elegância e charme.

ONDE ENCONTRAR OS MELHORES VINHOS?

De cara logo duas regiões destacam-se com muita força, Loire e Bordeaux.

LOIRE

Em Chinon na área central do vale onde também é conhecida por Breton. Sob forte influência da altura do chamado Massife Central o terroir é de clima ameno. Aí, necessariamente teremos uma Franc de médio corpo, acidez mais destacada com uma fruta ao fundo. Nada agressivo, tudo com elegância e suavidade. Para que gosta da Pinot Noir de climas frios é a pedida para experimentar um vinho diferente.

VALE DO LOIRE. BERÇO DA CHENIN BLANC E DA FRANC

BORDEAUX

O contraponto fica na própria França. Bordeaux, na margem direita do Estuário do Gironde. Saint Emillion, é a cidade chave para esta casta. Há centenas de anos vem sendo trabalhada por aqui. Grandes, médios e simples vinhos são produzidos com a Franc. Que o diga um ícone, o Cheval Blanc, entre outros. Climas mais quentes nos trazem uma Franc mais explosiva, taninos mais suaves e fruta mais presente. No clássico equilíbrio dos tintos: Fruta, Taninos e Acidez estes vinhos têm este equilíbrio perfeito. Vinhos com bela vocação para guarda em razão de seus presentes taninos.

OS SEGREDOS DE BORDEAUX 

Na volta do mundo a Franc tem um belíssimo desempenho nos EUA e Austrália. Bem como Chile e, em menor proporção, Argentina. Vamos falar dos vinhos que estão mais ao nosso alcance comercial.

MAULE

Aqui a Cabernet Franc está saindo do anonimato onde era conhecida como uma uva de corte, leia aqui, passando a ser estrela. Antes, porém, quero destacar Casablanca pela proximidade com o Pacífico e seus vinhedos totalmente refrescados nas noites quentes de verão nos trazem uma bela Cabernet Franc.

MAULE

 E, especialmente, pela quantidade com qualidade o Maule. O quase desconhecido vale do Maule.

De uma desprezada região no sul do Chile a grandes surpresas. A cada dia me rendo aos vinhos do Maule. Videiras antigas, algumas com mais de 80 anos estão a fazer toda a diferença.

Mais de uma hora de Curicó e a quase 300 quilômetros da capital, Santiago,  aportamos no Maule, na Província de Talca e centro estratégico para quem quiser visitar a região. Aqui há vinhedos muito antigos que foram sendo reconduzidos, revigorados e algumas videira têm mas de 60 anos e produzem no máximo uma garrafa de vinho por pé.

Vinhos espetaculares. Mas com o Maule todo cuidado é pouco.

O Maule é a mais extensa região consagrada do Chile. Inicia a quase 300 quilômetros ao sul de Santiago e vai até as portas de Bio Bio, Itata e Maleco as últimas fronteiras da viticultura chilena ao sul. Por ser muito extenso vem daí os vinhos de qualidade inferior ou mesmo sofrível que encontramos no dia-a-dia dos supermercados.

Desde a década de 90 que o Maule vem repaginando seus vinhedos e deixando para trás esta fama de quantidade sem qualidade.

Especial atenção aos vinhos de videiras antigas como a da foto acima. Uvas que se dão bem por aqui, além da citada Carignan, a Cabernet Franc, que está surpreendendo cada vez mais no Maule.

Sempre que estou a frente de um bom Cabernet Franc me vem este Concerto de Aranjuez. Melódico, agradável, misterioso. Tão misterioso quanto um bom Franc.

2 pensamentos sobre “Onde estão os Melhores Vinhos com a Iluminada Cabernet Franc?

  1. Falou, e muito bem de uma das uvas mais importantes na vitivinicultura, amigo Peter. Sou um apreciador dos varietais, para assim, poder gravar na memória gustativa, o máximo de informações que cada uva possa trazer. Outro dia mesmo em um de seus comentários eu perguntei o que seria de Bordeaux sem a Merlot. Entretanto, num bom vinho de Bordeaux, não podem faltar essas três uvas. Os melhores que tenho degustado são compostos por aproximadamente 60 a 70% de Merlot, 20 a 30% Cabernet Sauvignon e em torno de 10% da Cabernet Franc. Nota-se clara mente que onde a C. Franc entra com seus 10%, ela dá um toque de muito maior sutileza no vinho. Amansa e acentua seus aromas. Num varietal como alguns de Chinon então, ela chega a confundir com a Pinot Noir, tamanha suavidade que transporta para o vinho.
    Sempre ouço falarem que a Cabernet Sauvignon é a Rainha das uvas. Eu, particularmente acho que há nas tintas, pelo menos três uvas que merecem esse título bem antes da C. Sauvignon. Pinot Noir, C. Franc e Merlot. Explico: Para receber o título de rainha, deve ser antes de mais nada, muito exigente e de personalidade marcante sob todos ops aspectos rsrsrsrsrs. Parabens pelo artigo meu amigo. Muito esclarecedor e como fecho de ouro do Concierto de Aranjuez, com aquele Corne Inglês em solo no inicio, nos faz viajar.. Abraços.

    • Perfeita observação Clemente. Digo, até que há produtores na margem direita que estão a usar mais percentuais de Franc que os tradicionais 10 a 15% já estão em 20/25% e com grande sucesso. Abraço, amigo.

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